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América: Um Time de Mercenários ou Apenas Limitado?

  • Foto do escritor: decasweb
    decasweb
  • 24 de jul. de 2022
  • 7 min de leitura


Olá,


Sejam muito bem vindos ao blog!


Finalmente o América voltou a vencer neste final de semana pelo Brasileirão, depois de três derrotas seguidas contra Internacional, Bragantino e Palmeiras. A vitória contra o indigesto Atlético-GO além de quebrar um tabu e representar a primeira fora de casa pela Série A deste ano, tirou o time do Z4. No entanto, os resultados ruins recentes fizeram com que parte da torcida perdesse a paciência e começasse a questionar nas redes sociais as razões do time jogar bem, fazer gols e vencer na Copa do Brasil, enquanto na Série A, os mesmos jogadores não conseguem repetir o feito, alternando boas e más atuações, a ponto da equipe estar sempre próximo da zona de rebaixamento. Para muitos torcedores o motivo principal é o time ser formado por “mercenários” (*), que só se empenham e vencem na Copa do Brasil porque nela a premiação acertada com a diretoria é muito maior do que a prevista no Brasileirão.


Para se fazer uma comparação entre os valores envolvidos nas duas competições, o título da Copa do Brasil representa um prêmio de R$ 60 milhões para o campeão, R$ 25 milhões para o vice, e para os quatro times que chegarem às semifinais R$ 8 milhões para cada um deles, não computados os valores acumulados nas fases anteriores. Até agora o Coelhão já embolsou R$ 1,9 milhão pelas partidas contra o CSA pela 3ª fase, R$ 3 milhões pelas partidas das Oitavas contra o Botafogo, e garantiu R$ 3,9 milhões pelos jogos das Quartas contra o São Paulo que começam na quinta-feira, totalizando R$ 8,8 milhões de premiação. Se passar pelo tricolor paulista, praticamente dobrará o valor acumulado que já faz jus.


O Brasileirão por sua vez, tem prêmios mais “modestos”, que são pagos só ao final da competição porque dependem diretamente da classificação das equipes após as 38 rodadas. Para aquela que se sagrar campeã, o prêmio é de R$ 33 milhões, R$ 31,3 milhões para a vice, e assim sucessivamente, até chegar ao valor de R$ 11 milhões para o clube que conseguir ser o primeiro a ficar de fora da zona de rebaixamento. Uma posição a mais entre as 12ª e 16ª colocações, representam outros R$ 900 mil para o caixa da equipe para cada posição conquistada, e cerca de R$ 1,6 milhão a mais entre as posições do 10º ao 3º. (tabela completa abaixo).


Mas será que os resultados, posições e atuações tão opostas da equipe nos dois torneios que acontecem em paralelo, podem ser justificadas apenas pela diferença nos valores das premiações? Afinal de contas, enquanto na copa brasileira com noventa e dois participantes o clube está entre os oito finalistas, na Série A, com muita dificuldade e sofrimento, se encontra apenas na 14ª posição entre os 20 times que a disputam.


Inicialmente temos que analisar o nível dos nossos adversários nas duas competições. Na Copa do Brasil enfrentamos até o momento, o CSA e o Botafogo-RJ, e vencemos os dois confrontos pelo mesmo placar agregado de 5 x 0. Se serve como um parâmetro de avaliação, o time alagoano terminou o turno da Série B do Brasileiro ocupando o modesto 17º lugar, ou seja, o Z4 da B, onde venceu apenas três partidas e marcou 12 gols. Já o time carioca que subiu ano passado da B para a A, mesmo com os altos investimentos provenientes de sua SAF, ocupa atualmente o 11º lugar no Brasileirão, com apenas 3 pontos e uma vitória a mais que o Coelhão, um saldo de gols tão ruim quanto o nosso, -5 x -9, e possui a 6ª pior defesa do campeonato com 24 gols sofridos contra 22 da nossa.


Ao avaliar o desempenho dos nossos adversários anteriores, percebe-se que não dá para cravar que o América venceu as quatro partidas que fez na Copa do Brasil e até com certa facilidade, exclusivamente pelo incentivo financeiro, mas por um claro diferencial de qualidade técnica e de etapas diferentes de desenvolvimento de trabalhos entre os times.


Em oposto a isso, em 19 jogos completados neste domingo pela Série A, o América enfrentou as equipes consideradas de ponta do futebol brasileiro, onde cinco estão nas Quartas de final da Libertadores (entre as oito que participaram da copa intercontinental) e quatro estão nas Quartas de final da Sul Americana (entre as seis que iniciaram a competição). Se considerarmos os outros times que disputarão as Quartas da Copa do Brasil, veremos que todos os outros sete classificados também estão na Série A. Ou seja, os adversários do alviverde no Brasileirão são, em sua maioria, tecnicamente muito superiores aos que enfrentamos na copa brasileira.


Outra forma de comprovar a diferença existente entre as equipes que enfrentamos nas duas competições, é observar a posição delas no ranking de receitas de 2021, onde o Flamengo lidera com mais de um bilhão de reais de arrecadação e o América ocupa a 19ª posição com um décimo deste valor (100 milhões de reais), enquanto o CSA não aparece na lista e o Botafogo obteve uma receita 19% superior à americana. (ranking completo abaixo).

E se compararmos as folhas salariais pagas pelos nossos adversários das duas competições? Embora os números divulgados por alguns sites nem sempre sejam muito confiáveis, estima-se que o CSA possui uma folha salarial abaixo dos R$ 700 mil, muito aquém dos nossos adversários da Série A, e a do Botafogo gira em torno de R$ 8 milhões. Enquanto isso, a folha americana estaria em torno de R$ 4 milhões e seria superior apenas ao do Atlético GO entre os times que disputarão a próxima fase da Copa do Brasil, segundo o colunista Jorge Nicola do portal Superesportes.

(Veja ao final deste texto, o levantamento realizado pelo site GOAL ao final do ano passado, com os gastos salariais entre jogadores profissionais, comissão técnica e categorias de base e valores pagos CLT, além de direitos de imagem dos 16 clubes que permaneceram na Série A, de 2021 para 2022).


Portanto, a afirmação de que os atuais jogadores que vestem o manto americano são “mercenários” e só vencem na Copa do Brasil por força de uma premiação muito maior do que a do Brasileirão, deve ser entendida mais como uma exacerbação da paixão que envolve o futebol do que qualquer outro motivo, ou pelo menos, até onde a caixa-preta (e verde) americana nos permite saber (leia post de duas semanas atrás, se não entendeu a analogia). Temos na realidade um elenco numeroso, mas limitado (**) tecnicamente, com poucas opções para determinadas posições e que vem sofrendo desde o início da temporada com lesões, causadas entre tantos motivos, pelo excesso de jogos no ano e pela diferença de metodologias de preparação física adotadas pelas duas comissões técnicas que o time teve nesta temporada. Além disso, se esperava de vários dos jogadores contratados ao longo do ano, um desempenho superior ao que estão tendo, embora de alguns, já não se esperasse muito. No estágio que o time está hoje, todo americano sabe que o elenco precisa na verdade é de se reforçar.


Não se tem aqui, a pretensão de defender ou bajular jogadores com os quais o contato está restrito às arquibancadas do Indepa. Também não se quer negar e nem ser ingênuo, em não acreditar que os incentivos financeiros podem ajudar a modificar os resultados dentro das 4 linhas, e os “bichos” de outrora, as “malas brancas” e “malas pretas” estão aí para servir de prova. Certa vez o jornalista Juca Kfoury disse que “quanto mais sabemos dos bastidores do futebol, mais corremos o risco do desencanto”, porém o elenco americano tem mais 19 rodadas do Brasileirão pela frente para provar que por serem profissionais, jogam sim por dinheiro, mas também para ganhar títulos e o respeito e admiração da torcida do decacampeão mineiro. É hora dos “limitados” provarem que conseguem também jogar acima dos seus limites, independentemente de qualquer valor de prêmio que esteja envolvido.


Vamos prá cima deles, Coelhô!!!



(*) mercenário (latim mercenarius, -a, -um, assalariado, alugado, pago, comprado) - adjetivo e substantivo masculino

1. Que ou aquele que trabalha, ou serve, por dinheiro.

2. Que ou quem é movido apenas pelo interesse pessoal e material. = INTERESSEIRO

substantivo masculino

3. Soldado que serve por dinheiro um governo estrangeiro.


(**) limitado (particípio de limitar) adjetivo

1. Que apresenta limites. = DEMARCADO, ESTREMADO

2. Que não vai além de determinados limites. ≠ LIVRE

3. Restrito.

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2021,


PREMIAÇÃO CAMPEONATO BRASILEIRO - SÉRIE A: 1º: R$ 33 milhões; 2º: R$ 31,3 milhões; 3°: R$ 29,7 milhões; 4°: R$ 28 milhões; 5°: R$ 26,4 milhões; 6°: R$ 24,7 milhões; 7°: R$ 23,1 milhões; 8°: R$ 21,4 milhões; 9°: R$ 19,8 milhões; 10°: R$ 18,1 milhões; 11°: R$ 15,5 milhões; 12°: R$ 14,6 milhões; 13°: R$ 13,7 milhões; 14°: R$ 12,8 milhões; 15°: R$ 11,9 milhões; 16°: R$ 11 milhões.


RANKING DE RECEITAS EM 2021: 1º: Flamengo: R$ 1,082 bilhão; 2º: Palmeiras: R$ 910 milhões; 3º: Corinthians: R$ 501,8 milhões; 4º: Atlético-MG: R$ 501 milhões; 5º: Grêmio: R$ 498 milhões; 6º: São Paulo: R$ 465,3 milhões; 7º: Santos: R$ 406,8 milhões; 8º: Internacional: R$ 382,2 milhões; 9º: Fluminense: R$ 313,9 milhões; 10º: RB Bragantino: R$ 291 milhões; 11º: Athletico-PR: R$ 280,3 milhões; 12º: Bahia: R$ 208,6 milhões; 13º: Vasco da Gama: R$ 186,2 milhões; 14º: Fortaleza: R$ 175,1 milhões; 15º: Ceará: R$ 159,3 milhões; 16º: Cruzeiro: R$ 143,4 milhões; 17º: Botafogo: R$ 121,9 milhões; 18º: Atlético-GO: R$ 113,2 milhões; 19º: América-MG: R$ 101,9 milhões; 20º: Sport: R$ 94,1 milhões.


MAIORES FOLHAS SALARIAIS: 1º: Flamengo ; R$ 36 milhões; 2º: Palmeiras: R$ 32 milhões; 3º: Atlético MG; R$ 23 milhões; 4º: Corinthians; R$ 23 milhões; 5º :São Paulo: R$ 19 milhões; 6º: Internacional: R$ 18 milhões; 7º: Santos: R$ 14 milhões; 8º: Fluminense: R$ 13 milhões; 9º: Bragantino: R$ 8,9 milhões; 10º: Ceará: R$ 8,6 milhões; 11º :Fortaleza: R$ 7,8 milhões; 12º: Athletico PR: R$ 3,8 milhões; 13º: Juventude: R$ 2,6 milhões; 14º : Atlético GO: R$ 2,5 milhões; 15º: América: R$ 2 milhões; 16º: Cuiabá:R$ 1,4 milhão.


RAPIDINHAS

Vitória americana contra o Atlético-GO foi sem brilho, embora tenha vindo em ótima hora, já que alguns times da segunda parte da tabela começaram a se descolar do restante e os que estão no Z4 começaram a pontuar com mais frequência. Depois de um bom primeiro tempo onde o América foi melhor que o adversário, na segundo etapa o time entregou a bola para os goianos e ficou literalmente nas mãos de Cavichiori, demonstrando uma impressionante incapacidade em conseguir reter a bola e um número alto de cobranças de tiro de meta diretamente para o goleiro adversário. Além da boa atuação de Cavichiori devem ser destacadas as dos demais jogadores do setor defensivo, com exceção de Marlon, que mais uma vez esteve mal e Patric, que entrou no segundo tempo e esteve pior que Cáceres.


Quinta-feira tem Copa do Brasil contra o São Paulo e espera-se que jogando contra um time mais qualificado, o futebol a ser apresentado pelo Coelhão seja de melhor nível também. Considerando que nesta partida alguns jogadores ainda desfalcarão o grupo, sair do Morumbi com um empate após os 90 minutos será um ótimo resultado.


Abraços e até a próxima semana!


Cesar Webby


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Foto: América FC

6 Comments


parenzi.consultor
Jul 26, 2022

Um time limitado, mas que nitidamente fica mais motivado com um valor financeiro adicional. Nada diferente da vida real. Confiante no bom resultado em São Paulo! E na vitória no domingo! Benítez vai, no mínimo, pressionar os atuais meio-campistas.

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decasweb
decasweb
Jul 26, 2022
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Parenzi, não resta dúvida de que o incentivo financeiro por cada etapa vencida da Copa do Brasil é mais eficaz que o outro que só se concretizará após o final da Série A, especialmente para um time com as limitações como o nosso. Classificação em cima do São Paulo é plenamente possível, embora eu não espere uma atuação tão boa como foi a do 1° tempo no confronto entre as duas equipes pelo Brasileirão. Abraço e obrigado por sempre prestigiar o blog.

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thalesleonardo
Jul 25, 2022

Concordo com quase tudo do texto.

Muito bom ter um texto desses pra ler na segunda.

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decasweb
decasweb
Jul 25, 2022
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Obrigado Thales. Continue nos prestigiando toda semana. Abraço!

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dhenriquefigueiredo
Jul 25, 2022

Finalmente chega o aguardado email de "novo post do Decasweb", seguido de uma aguardada vitória contra o cão goiano (a primeira da história pela série A).

O que comentar desse texto assertivo e embasado? Apenas elogio. Acredito que o time apresenta uma mentalidade mais tranquila e confiante na CB, é nítida a vontade a mais , enquanto o nervosismo impera no Brasileiro.

Aproveitando o espaço: caro César, pensando que o saldo de gols possa ser um fator decisivo na reta final do campeonato e na baixa eficiência dos nossos homens de área, você acredita que os estrangeiros que estão pra vir foram boas escolhas, ou a diretoria precisa ousar mais e trazer um nome de mais peso?

Parabéns pelo seu…

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decasweb
decasweb
Jul 25, 2022
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Prezado Dhenrique, obrigado pelo elogio e por sempre estar prestigiando o blog. Sobre os novos estrangeiros só sinto apto a opinar a respeito do Benítez, do qual vi um número maior de jogos. Me arriscaria a dizer que é um Índio Ramirez mais qualificado, decisivo e taticamente mais obediente, porém com um histórico de lesões recentes que preocupa. Em forma, agrega. Sobre a vinda dos outros estrangeiros, entendo que é a única solução que temos, já que no mercado nacional, não existem bons jogadores com valor de salário com o qual o América esteja disposto a pagar. Quanto maior for o investimento do clube, melhor será o resultado e não podemos errar e nem economizar agora, faltando pouco mais de …

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