A "Salum Dependência"
- decasweb
- 3 de jul. de 2022
- 7 min de leitura

Olá,
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Entre os vários jargões utilizados no futebol existe um que expressa a extrema necessidade que uma equipe tem da presença ou da ajuda de um determinado atleta ou elemento para que ela se sinta segura, faça bons jogos e obtenha uma sequência de bons resultados e vitórias. É a chamada dependência.
Assim temos a "Neymar dependência" na seleção brasileira do Tite, a "Messi dependência" na seleção Argentina, a "Cristiano Ronaldo dependência" na seleção portuguesa, e nos clubes encontramos também, por exemplo, a "Benzema dependência" no Real Madrid, admitida pelo próprio técnico do time, Carlo Ancelotti.
E no América? Será que podemos identificar algum tipo de dependência?
Se formos comparar a temporada passada com a atual, veremos que a partir de determinado momento do Brasileirão 2021, passamos a depender excessivamente de Zárate e Ademir para conseguir os resultados necessários para alcançar a sonhada permanência na Série A. Não por coincidência, o decacampeão mineiro ficou invicto por várias partidas com o argentino em campo e o "fumacinha" foi o artilheiro do América na competição com 13 gols, evidenciando os sinais de que o bom rendimento do time estava diretamente ligado à presença dos dois em campo.
Na atual temporada no entanto, já tendo sido ultrapassada metade do ano de 2022 e quase um turno da Série A, nenhum jogador do elenco conseguiu se destacar até agora a ponto de se poder afirmar que o desempenho da equipe como um todo, ficou prejudicado com a sua ausência.
Alguns talvez possam se lembrar de defesas espetaculares de Jailson, da luta incansável de Juninho, de dribles desconcertantes de Paulinho Bóia e Pedrinho e dos gols (poucos) dos nossos dois principais centroavantes Wellington Paulista e Aloísio Boi Bandido, mas a presença deles em campo, nem conseguiu justificar a boa fase do início do Coelhão no Brasileirão, como também as suas ausências individuais não podem ser classificadas como motivo para os recentes resultados ruins. Fora do campo entretanto, vivemos, faz tempo, a "Salum dependência".
Salum está no América desde 1986, e tem entre indas e vindas mais de 30 anos de dedicação ao deca, com um tempo que se assemelha à de dirigentes de outros clubes brasileiros como Mário Celso Petraglia, de quem é amigo, e está há mais de 30 anos no Athletico-PR, de Adson Batista, que desde 1995 atua como presidente e dirigente no Atlético Goianiense e de Hailé Pinheiro, que esteve por mais de 50 anos na direção do Goiás, nosso último adversário, apenas para citar alguns exemplos de gestores esportivos com muitos anos ligados às suas instituições.
Em entrevista/depoimento no programa Decadentes # 317 no final do ano passado (link abaixo) e que merece ser assistida, Salum contou como virou dirigente do América e o porquê de ter começado a participar ativamente da vida do clube, mesmo com os percalços financeiros que acompanharam o clube ao longo do tempo.
De diretor de expansão de obras/patrimônio do clube para a construção do CT Lanna Drumond até chegar ao posto máximo de presidente da SAF América, Salum teve a oportunidade de exercer diversos cargos dentro do clube e de trabalhar e aprender com outros tantos dirigentes como Magnus Lívio de Carvalho e Afonso Celso Raso, tendo participado, direta e indiretamente, dos títulos de campeão mineiro de 1993 e 2001, da Sul-Minas de 2000, dos campeonatos brasileiros da Série B de 1997 e 2017 e o da Série C de 2009, além de 6 acessos à Série A, e tornar realidade a construção e depois a ampliação do CT Lanna Drummond. Foi o responsável pela parceria com o clube Feyenoord da Holanda na década de 90, é o representante americano nas negociações envolvendo os direitos de transmissão pela televisão dos campeonatos brasileiro e mineiro, representante do clube nas mais diversas tentativas de criação de uma liga e associações de futebol no país, responsável direto pela contratação de centenas de jogadores e técnicos ao longo dos últimos quase 40 anos e coordenador do projeto clube empresa. Ao lado de Afonso Celso Raso, é difícil encontrar um outro dirigente com tamanho envolvimento com a história do clube, e em seu caso em especial, com a atividade de direção do futebol.
Não por outro motivo, mesmo no período em que "só" exercia a coordenação do futebol do Coelho, permaneceu sendo chamado de “presidente” por todos os técnicos, jogadores e funcionários do clube, mesmo sendo o Alencar da Silveira Júnior, o presidente eleito de fato. Não é de se estranhar portanto que nesta última semana, tenha sido ele quem foi ao CT Lanna Drumond cobrar do elenco e da Comissão Técnica uma reversão rápida dos últimos resultados, que colocaram o alviverde de volta ao Z4, depois de 30 rodadas consecutivas na Série A 2021/2022. Não é surpresa também que após a sua visita ao CT, o time tenha obtido duas vitórias seguidas, contra Botafogo e Goiás. Qual outro membro da cúpula americana teria a mesma força, poder e respeito do grupo para fazer isso?
Entretanto, apesar de ser muito mais merecedor de elogios e reconhecimentos do que recebedor de críticas por tudo que já realizou pelo clube e mesmo diante da possibilidade próxima de se encontrar um parceiro para investir e "tomar conta" do futebol do Coelho através da SAF, existe uma evidente "Salum dependência" no América. Não se vê nenhum outro dirigente dentro do alviverde que esteja seguindo os seus passos, ou sendo preparado ou percorrendo o mesmo caminho trilhado por ele para aprender as artimanhas do que é dirigir um clube de futebol profissional, assim como aconteceu com o próprio Salum no início de sua dedicação ao decacampeão mineiro. Talvez pudesse ter sido Paulo Bracks, talvez venha a ser Euler de Araújo, mas o tempo está passando e existe muitos ensinamentos a serem compartilhados.
Querendo ou não, um dia Salum vai se cansar ou precisar dar uma atenção maior à sua empresa, à sua família, ou à ele mesmo, e quem irá substituí-lo nesta árdua missão? Assim como ocorre em uma sucessão de empresa familiar, quais outros americanos estão sendo capacitados e habilitados para assumir todas essas atividades e responsabilidades no futuro do qual não sabemos o quão próximo está? Será que não está na hora de pensarmos para quem Salum passará o bastão? Ou será que ao entregar a administração do futebol ao futuro parceiro e investidor, o América irá se preocupar apenas com a preservação de seu patrimônio?
Para o bem do América, precisamos preparar novos Salums, Afonsinhos, Lannas e Magnus para o futuro do clube e para que tenhamos novos americanos prontos para enfrentar as próximas lutas e batalhas das décadas que virão do nosso cento e deca.
Mas enquanto estes novos nomes não surgem, que tal pedir a contratação de novas peças para o elenco deste ano, em especial para o nosso meio de campo, que além de fazer a diferença dentro das 4 linhas, possam nos livrar da preocupação com o Z4? Ahh, isso depende do Salum....
RAPIDINHAS
Semana com duas vitórias fundamentais para a continuidade do América na Copa do Brasil e para a sua luta pela permanência na Série A em 2023.
Embora não tenha visto nenhum americano usando a expressão, para os botafoguenses o time da estrela solitária levou "um baile" do time comandado por Mancini. Apesar do jogo da volta ainda estar longe de acontecer, as novas lesões no elenco americano servem para reforçar a importância de sempre se fazer um placar o mais amplo possível em uma competição de mata-mata, por que nunca se sabe como estarão as equipes no jogo da volta. Três gols é uma bela diferença para se administrar, mas não podemos esquecer que neste mesmo ano já viramos um resultado negativo com dois gols de diferença, mas também levamos um empate depois de abrir a mesma diferença de gols de frente. Todo cuidado é pouco.
Contra o Goiás fizemos uma partida aquém da realizada contra o Botafogo e na segunda metade do segundo tempo do jogo, ficou evidente o desgaste dos jogadores, justificada pelo empenho contra os cariocas. Preocupa a nova série de lesões recentes, em um momento em que o DM começava a se esvaziar. Que a semana livre de jogos seja suficiente para recuperar boa parte dos lesionados, já que teremos desfalques por conta de suspensões por cartão e a partida contra o Internacional será na casa deles.
Para finalizar, fica o registro de três acontecimentos estranhos no elenco americano:
1º - A não utilização do lateral Eduardo no Brasileirão, mesmo estando o atleta recuperado de cirurgia e com contrato vigente, e a não manifestação da diretoria do América a respeito das declarações do jogador ao repórter Samuel Resende do portal Superesportes. O link na entrevista está logo abaixo.
2º - A não permanência de Paulinho Bóia para o restante da temporada. Embora todos soubessem que o contrato de empréstimo do jogador seria a princípio até o dia 30 de junho, o jogador vinha treinando normalmente há tempos, porém não sendo escalado. Depois de dias afirmando que havia interesse entre todas as partes interessadas na prorrogação do empréstimo, neste domingo surgiu a notícia de que o seu time na Ucrânia recebeu outras propostas mais interessantes e que a família do jogador até já se mudou de Belo Horizonte.
3º - A não presença de Jailson no banco de reservas ou mesmo nos jogos do alviverde, após uma anunciada amigdalite alguns dias atrás. Sua última partida foi em 15 de junho contra o Fluminense na qual jogou normalmente os 90 minutos. De lá prá cá, o jogador teria sido poupado da partida contra o Fortaleza por conta de um desconforto muscular na perna esquerda e não esteve presente nos jogos contra Flamengo, Botafogo e Goiás, mesmo estando participando dos treinos, conforme fotos disponibilizadas pelo clube. Considerando que Mancini deixou nas entrelinhas em entrevista após o jogo contra o Botafogo a possibilidade de perdas no elenco na janela que se abre brevemente e diante da saída agora divulgada de Bóia, preocupa a possibilidade de que Jailson também esteja se desligando do Coelho, mesmo com a volta de Cavichiori.
Abraço e até a próxima semana!
Cesar Webby
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Crédito: Foto do acervo fotográfico do América FC.
Link Decadentes com Marcus Salum: https://www.youtube.com/watch?v=Ls7n2hNN_PI
Link reportagem Portal Superesportes: https://www.mg.superesportes.com.br/app/noticias/futebol/america-mg/2022/06/23/noticia_america_mg,3971981/eduardo-do-america-fala-sobre-tumor-achei-que-iria-perder-a-perna.shtml
Excelente análise.
E preocupante essa dependência e mais ainda a não substituição da figura do Salum.
O Sofá Americano não só utilizou a expressão "baile", como previu o resultado contra o Botafogo! Tá lá no Twitter, hehehe. Quanto ao Salum, só cabe a ele, como um bom gestor, formar o seu sucessor, como ele foi forjado. Existe a necessidade de renovação na administração do América e tem gente a fim de participar. E, mais uma vez, o América não dá a transparência necessária sobre as situações que você citou: Eduardo, Bóia e Jailson. Ficamos ouvindo várias teorias entre os americanos, mas informação oficial não temos.