A crença falsa
- decasweb
- 16 de out. de 2022
- 6 min de leitura
Atualizado: 16 de out. de 2022

Olá,
Sejam muito bem vindos ao blog!
Após a derrota sofrida contra o Fortaleza neste sábado, lembrei-me de um texto de Thiago Veras, profissional em relações públicas e que escreve sobre o comportamento humano. Neste texto, ele conta que um trabalho desenvolvido em uma sala de aula, uma professora com uma caixa etiquetada como "chocolate", entregou a caixa à primeira criança que chegou à classe e que ficou profundamente animada com o presente por achar que ali havia realmente chocolate. No entanto, quando abriu a caixa, descobriu com grande tristeza, que ao invés de chocolate havia apenas lápis. A professora perguntou então para ela o que a próxima criança pensaria sobre o que estava dentro da mesma caixa fechada e na mesma situação, e o aluno respondeu que seria "lápis”. O estudo apontou que a criança passou a pressupor de uma forma muito rápida, que todos, incluindo aqueles que não haviam passado pela experiência que ela acabara de passar, teriam a mesma compreensão da realidade que ela passou a ter. Este experimento abarca a teoria da mente e tarefa de crença falsa.
Pois bem, depois da partida perfeita contra o Fluminense na rodada anterior, onde o nome do técnico Mancini e de seus comandados foram exaltados não só pela torcida alviverde mas também pela imprensa, parte dos americanos passou a pressupor e a crer que este seria o novo normal do clube na competição, ou seja, um time extremamente competitivo, com domínio do campo de jogo e dos espaços, grande força ofensiva e defensiva. Um time imbatível ! Porém, no sábado, contra o Fortaleza, o futebol apresentado abaixo do esperado pelo esquadrão americano fez valer a máxima de que este esporte é realmente uma caixinha de surpresa e talvez com um lápis dentro.
Os 11 iniciais escalados para encarar a equipe cearense eram praticamente os mesmos da partida contra o time das Laranjeiras, exceto pela entrada de Gustavinho no lugar de Everaldo. Foram comandados pelo mesmo técnico Vágner Mancini, e que havia dado um nó tático em Fernando Diniz. Durante a semana, foi divulgada uma foto do “professor” apresentando a análise do nosso futuro adversário o que denota que a comissão técnica e o elenco sabiam das qualidades e defeitos do adversário. Para melhorar, o jogo era em casa e perante a torcida americana. Então, por que será que saímos do Independência com a decepção semelhante ao da criança que não encontrou o chocolate na caixa como imaginado? Será que nos acostumamos tão rápido com as vitórias na Série A e com a possibilidade de jogar uma nova Libertadores, que passamos a confiar somente em resultados positivos, mesmo sabendo da qualidade dos nossos adversários?
Antes de mais nada é preciso dizer o óbvio: não enfrentamos no sábado à noite, nem o Fluminense de novo, nem o mesmo treinador estrategista e nem o mesmo plano tático. Contra a equipe carioca, o plano traçado foi o de não dar espaços aos jogadores tricolores para que eles não tivessem liberdade para tocar a bola e criar oportunidades de gol, e a marcação alta americana foi a arma utilizada para neutralizar o time das Laranjeiras. Porém, algumas opções e disposições táticas funcionam para um determinado tipo de oponente, mas não para todos eles. Contra o Fortaleza, um adversário com atacantes de velocidade, Mancini aparentemente abdicou das linhas mais altas, com receio das jogadas de contra ataques da equipe nordestina, mas infelizmente, não surtiram o efeito esperado. Todos os três gols sofridos (mesmo o anulado corretamente) foram fruto de jogadas em que o time cearense envolveu facilmente a defesa americana, com deslocamentos rápidos ou lançamentos em profundidade. Com Alê fazendo a volância e a sua pior partida da temporada, os zagueiros ficaram desprotegidos e correndo riscos desnecessários devido a insistência do camisa 30 americano em prender a bola de forma excessiva em nosso campo defensivo. Sem Lucas Kal, que voltou a treinar durante a semana com proteção facial, Zé Ricardo poderia ter exercido a função de uma forma mais efetiva, mas é sabido que Mancini não gosta dele, por achar que o volante não tem qualidade técnica para sair jogando da defesa para o ataque.
Na lateral direita, sem Cáceres, a opção do treinador foi manter Luan Patrick, já que o lateral de ofício, Patric, tem demonstrado dificuldade para fazer a recomposição quando avança, o que, aliás, faz constantemente. Depois da fraca atuação de Artur contra o São Paulo, a promessa americana não foi nem relacionada para enfrentar o Fortaleza. Na ausência de Everaldo, o único dos 11 iniciais da partida contra o Fluminense que não esteve contra o time cearense, Mancini testou mais uma vez o jovem Gustavinho, que não se encontrou em campo, talvez pela falta de ritmo ou pela posição improvisada em que foi escalado. Após o jogo, o treinador americano admitiu que errou em ter colocado o jogador como titular e que até pensou em substituí-lo ainda no primeiro tempo.
Henrique Almeida, que perdeu uma grande chance de gol ao tentar encobrir o goleiro do Fortaleza, foi substituído no intervalo por Mastrianni, e Gustavinho, trocado por Benítez. Embora os dois que entraram tenham lutado muito em campo e dado uma outra dinâmica ao time, também estiveram abaixo do que já jogaram anteriormente. Sem um lateral de ofício e sem um jogador veloz pelo lado direito, o treinador americano errou ao trocar Felipe Azevedo, que sobressaia pela esquerda, por Aloisio Boi Bandido. Porém, não parou por aí. Em nova tentativa de dar ofensividade ao time e já com um jogador a mais em campo devido a expulsão de um defensor adversário, trocou Juninho, que era o único jogador com característica de marcador do meio de campo, para colocar Wellington Paulista, e de forma equivocada manteve Alê. Era tudo o que o Fortaleza aguardava para armar um contra-ataque e matar o jogo. Sem um volante rápido na recuperação e com o time americano todo lançado à frente, o perigoso Thiago Galhardo fez o segundo gol e depois mais um. Por pouco não foi um chocolate. A anulação do terceiro gol cearense e o pênalti a favor do Deca nos minutos finais, amenizou o que poderia ser um vexame.
Embora tenha jogado mal e tenha 3 partidas dificílimas pela frente (Flamengo, Internacional e Palmeiras) nos 6 jogos que restam no Brasileirão, o momento não é de desespero e nem de atacar atletas e comissão técnica, como fizeram alguns torcedores após a derrota. É preciso ser realista e entender que não será em todos os dias que conseguiremos armar um esquema tático perfeito e que dará certo durante o transcurso da partida. Permanecemos na 8ª colocação, a 2 pontos do Vespasiano-MG, que está em 7º, e relativamente próximo do Athletico que está em 6º. Assim como a criança que encontrou o lápis na caixa ao invés do chocolate, decepções acontecem mas precisamos aprender rapidamente a conviver com elas. Sábado, em casa, enfrentaremos o Flamengo, um adversário que talvez jogue com um time alternativo devido a final da Copa do Brasil. É a chance de voltar a vencer.
Vamos prá cima deles, Coelhô!!!
Abraço,
Cesar Santos
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Foto: América FC
Excelente analise. Nosso elenco é limitado e estamos fazendo uma campanha muito superior à de times mais qualificados e de maior investimento. Bola pra frente e vencer mais 3 jogos. Tá bom demais.
Bom dia, César.
Final de semana complicado pra nós, mas, que não percamos a esperança de continuar tendo bons resultados nessa reta final. E que alívio já ter 45 pontos. Kk
Um abraço e parabéns pelo trabalho.